Janine Schwendler e a busca pela igualdade no pódio do BMX
- Rosana Wessling
- 25 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de jun. de 2019
Ciclista venâncio-airense é uma das únicas da região que participa das competições e, enfrenta obstáculos pela falta de mulheres no esporte

Muitas das práticas esportivas lutam por diversidade nos pódios. A grande maioria é composta por homens, fato que contribui para que a sociedade associe o esporte como uma prática exclusivamente masculina. Com o BMX, conhecido popularmente como bicicross, não é diferente. Poucas mulheres praticam o esporte, e as que exercem têm pouca opção de competição pois faltam mulheres.
A venâncio-airense Janine Schwendler, 22 anos, auxiliar de farmácia, convive com essa situação na prática. Uma das únicas competidoras do Vale do Taquari e Rio Pardo, a jovem enfrenta dificuldades para competir com meninas. “Na região dos Vales, tem apenas eu competindo no Campeonato Gaúcho. Falta incentivo para que mais mulheres comecem e, principalmente, não desistam. Muitas vezes, acabo não correndo pois, se eu quiser, tenho que competir entre os homens e aí é totalmente diferente”, explica. “Precisamos trazer mais meninas para o esporte”.
Janine é estudante de Nutrição na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e revela que foi incentivada à praticar o esporte por amigos que andavam na pista de bicicross do Parque Municipal do Chimarrão, em Venâncio Aires. Janine pegou o gosto e a vontade de competir em 2017. Começou timidamente, com a bicicleta e capacetes emprestados. Na medida em que participava de competições, ela foi se identificando com o esporte.
A garota desenvolveu uma rotina de treinos na pista aos fins de semana, “quando a pista está em condições”, revela. A preparação ainda inclui treinos na academia três vezes na semana com atividades específicas para o BMX. Janine representa a minoria, assim como nas competições nacionais. O número de mulheres no BMX vem crescendo, mas nas Olímpiadas de 2016, representaram apenas a metade de 32 competidores homens.
Ela enfatiza que sempre praticou um ou mais esportes, mas, nunca se imaginava como competidora de BMX. A jovem define o bicicross como um hobby e já coleciona medalhas, troféus, títulos e lembranças de ter subido ao pódio.
Aquela menina que começou timidamente no esporte, hoje, já conta com o apoio de patrocinadores que apostam na presença de mulheres atuando no BMX. “Eu estava prestes a largar o esporte, pois não estava conseguindo me manter. Foi então que consegui o apoio de empresas que me incentivam a conquistar o meu espaço no BMX. Sem eles eu não iria conseguir”.

PIONEIRA
Janine elenca um dos pontos negativos do esporte. “Se paro para pensar que temos a pista de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul e Estrela e, mesmo assim só ter eu correndo é desmotivador.” A atleta destaca que gostaria que mais meninas praticassem o esporte, assim a competição seria mais justa e agradável.
Além disso, Janine não esconde o preconceito que envolve o esporte, mas, explica que ele está na sociedade, não nos competidores. “Acredito que ainda tem muito preconceito. Não dentro do esporte, mas sim da sociedade que vê o BMX como uma atividade masculina. Também é mais difícil de encontrar artigos femininos, isso acaba desmotivando.”
Para a atleta, uma das saídas seria divulgar o esporte, visto que em Venâncio Aires e em cidades menores, o BMX conforme Janine ainda não é algo disseminado. “Para mais meninas participarem precisamos de divulgação. Ainda tem pouco conhecimento sobre a prática e sem dúvidas, é fundamental o apoio inicial, assim como eu também tive”.
BMX levou mais de três décadas para se tornar esporte olímpico
A modalidade do BMX é o caçula do ciclismo, com suas origens na década de 1960. O esporte surgiu graças à admiração de jovens norte-americanos pelo Motocross. A vontade de imitar as manobras e a falta de equipamentos fez com que as bicicletas substituíssem as motocicletas, foi assim que nasceu o Bicycle Moto Cross, BMX. A modalidade se difundiu no Brasil por volta de 1978.
O esporte é caracterizado por uma corrida com bicicletas em uma pista de terra, com aproximadamente 400 metros de extensão. O atleta enfrenta obstáculos como lombadas, rampas, morros, curvas, tudo para dificultar o trajeto. O vencedor é aquele que superar os obstáculos e alcançar primeiro a linha de chegada.
As provas do BMX são disputadas em baterias com oito atletas. A competidora Janine Schwendler explica, que no geral, as competições são separadas por categorias (feminino e masculino), por tipo da bike (aro 20, aro 24 e MTB) e por idade. “Atualmente no Campeonato Gaúcho eu ando na Elite Woman. Mas depende das corridas também, e como a organização vai separar as categorias. Mas sempre segue por gênero, bike e idade”, salienta.
Nas disputas dos Jogos Olímpicos apenas em 2008, em Pequim, o BMX fez parte das modalidades nas duas categorias, feminino e masculino. Em 2016, quando as Olimpíadas aconteceram no Brasil, foi a terceira vez que o BMX distribuiu medalhas nos jogos, porém, competidoras mulheres foram apenas a metade.

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