De bolso cheio
- jorespecializado
- 14 de jul. de 2019
- 6 min de leitura
Especialista dá dicas de investimento financeiro e de redução de custos

Quando se trata sobre a atual situação econômica do Brasil, vem a seguinte questão: Nós já superamos a crise, estamos em fase de recessão ou de avanço? Alguns especialistas e estudiosos da área alegam que este quadro é definido como “um momento crítico, indefinido e de perspectiva de crescimento econômico”, o que irá depender de uma série de fatores, sobretudo a desenvoltura do Governo Federal e Estadual no que diz respeito à tomada de medidas, acordos e relações exteriores, como destaca o professor e coordenador do curso de Administração da Ulbra/Cachoeira do Sul, Orlando Ferreira da Silveira.
Este cenário interfere diretamente no bolso da população, no poder de compra, na cotação do dólar e nas taxas de inflação, sendo visível em uma simples ida ao supermercado ou posto de combustível, por exemplo. Para fazer o dinheiro render, dicas de economia sempre são úteis. Pensando nisso, convidamos o bancário Fábio Shoiti Kanno, 36, pós-graduado em Gestão de Negócios pela ESPM, com 15 anos de atuação, para esclarecer dúvidas frequentes:
EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), até o último semestre de 2018, o número de brasileiros endividados chegou a cerca de 63 milhões (41% da população adulta). A falta da educação financeira está sendo fundamental para este dado alarmante, diz Fábio: “Existe dificuldade hoje exatamente porque não fomos ensinados a tê-la, porém sempre podemos aprender, só temos que estar dispostos a abrir mão de certas coisas e começar a se regrar financeiramente – gastar menos do que ganha e guardar/aplicar a diferença independentemente do valor”.
SAIA DAS DÍVIDAS – Para quem está enrolado com as contas e não sabe o que pagar primeiro, Fábio sugere a criação de um cronograma do saldo de cada dívida e taxa de juros: “Comece a pagar a que tem maiores juros e negocie o restante com seus credores”.
“A melhor saída é sempre ter controle sobre seu dinheiro, fazer uma projeção de quanto vai gastar no mês atual, subsequente e assim por diante. E o mais importante: cumprir essas projeções, porque uma das armadilhas do consumismo está quando temos condições de gastar”, enfatiza ele.
OPÇÕES DE INVESTIMENTO
Conforme Fábio, todos os tipos de investimento são viáveis para formar uma ‘carteira de investimentos’, porém, deve-se estar atento a eventuais riscos. Para tanto, existe um questionário de perfil do investidor disponível em instituições financeiras. “O melhor seria se consultar com o seu gerente de contas (bancos) ou gerente financeiro (bancos de investimento e corretoras), pois existem várias opções de investimento: poupança, fundos, letras, tesouro direto, ações, previdência, debêntures (título de crédito representativo de um empréstimo), day trade (modalidade de negociação que visa a obtenção de lucro com a oscilação de preço, ao longo do dia, de ativos financeiros), CDB’s (certificado de depósito bancário), e outros”.
NO QUE INVESTIR – A dúvida pede cautela, por isso, vale “escolher uma opção de investimento que mais se tenha conhecimento. Poupança para pessoas que querem poupar dinheiro, ações para quem quer maior rendimento, porém com maior risco, por exemplo”.
Poupança: é o tipo de investimento mais tradicional e popular utilizado pelos brasileiros, pois é simples, seguro e isento de imposto de renda. Permite aplicação de valores baixos, que variam de acordo com a instituição financeira. O rendimento se dá a cada 30 dias após a aplicação (chamado de aniversário). Sua rentabilidade hoje gira em torno de 0,37% am.
Fundos de investimento: é uma modalidade onde pessoas aplicam o seu dinheiro em conjunto e não necessariamente na mesma quantidade (a partir disto se cria o fundo) e se nomeia um especialista/gestor para administrar este patrimônio e se responsabilizar pela maneira de como ele será aplicado, sempre vislumbrando maior rentabilidade para os investidores. É uma boa alternativa para pessoas que tem um pouco de noção do mercado financeiro e querem diversificar sua renda.
Em sua maioria, os fundos cobram taxas de administração para os gastos com a prestação de serviços do administrador e outros custos, cobram taxa de performance, quando o fundo ultrapassa o benchmark, seu indexador. Existem diversos tipos de fundos:
1) fundos de renda fixa, onde 80% do volume é investido em ativos de renda fixa, CDI e SELIC é indicado para pessoas com perfil conservador que buscam bom rendimento sem abrir mão da segurança.
2) fundos de ações, onde 67% do volume é investido em ações da bolsa de valores, portanto, a rentabilidade varia de acordo com a valorização dos papéis adquiridos.
3) fundos multimercado: são compostos por ativos de renda fixa e variável, é ideal para investidores que buscam rentabilidade mais atrativas com menores riscos e para quem busca pulverização de seus investimentos. Não temos como precisar a rentabilidade de cada fundo, porque variam mensalmente.
Letra do Tesouro Nacional: chamadas de LTN, são títulos com rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da compra, portanto o investidor sabe exatamente a rentabilidade a ser recebida no vencimento do título. Quando você aplica no Tesouro Direto é como se estivesse emprestando dinheiro para o Tesouro Nacional financiar investimentos em projetos do Governo Federal e ele irá te pagar no prazo estabelecido e com taxa fixada no título. É indicado para investidores que acredita que a taxa de juros pré-fixada na LTN será maior do que a taxa básica de juros (Selic) ou que a taxa da inflação (IGPM ou IPCA).
Letras: temos a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), são títulos de renda fixa emitidos por bancos e garantidos por empréstimos concedidos ao setor imobiliário e do agronegócio. Funciona da seguinte forma: o cliente adquire uma LCA com valor, prazo e taxas fixados, e este valor será destinado a empréstimos que tenham o agronegócio como foco. Este tipo de investimento é ideal para quem não necessita de liquidez imediata, pois caso a saque antes do prazo, pode-se perder todo o rendimento do período. Atualmente as Letras pagam até 90% do CDI e não possuem incidência de imposto de renda.
Certificado de Depósito Bancário: conhecidos como CDB’s, são títulos de renda fixa oferecidos pelos bancos, é um dos investimentos mais tradicionais para pessoas que estão começando a aplicar e querem um rendimento melhor que a poupança e com segurança. Em sua maioria, possuem rendimento diário após 30 dias e liquidez imediata. O imposto de renda incide sobre a rentabilidade do CDB e é de forma regressiva, conforme o prazo.

Day Trade: consiste basicamente em comprar um ativo e vendê-lo no mesmo dia buscando o lucro, portanto é uma operação de curtíssimo prazo. Exemplo: comprei uma ação hoje da Petrobrás por R$ 10,00 e vendi hoje por R$ 12,00, logo realizei ganho de R$ 2,00 por ativo. O objetivo é ganhar dinheiro na variação do preço de forma rápida com as oscilações. É um dos investimentos de maior risco que se tem no mercado, portanto, de maior retorno. É recomendado para pessoas com perfil de investidor arrojado. Para operar com o Day Trade, somente por meio de corretora.
Previdência Privada: é um sistema de acumulação complementar à previdência social, visando manter o padrão de vida na aposentadoria ou quando a capacidade produtiva diminuir. Então é um tipo de investimento que você deve se programar para fazer mensalmente para ter um futuro mais tranquilo. Em geral, esse tipo de produto pode ser visto como investimento ou como complemento de renda.
Ações e Bolsa de Valores: são dois itens que estão ligados diretamente, pois adquirimos ações na bolsa de valores por intermédio de corretoras. Portanto, como funciona o mercado de ações?
1) Ação é uma fração de uma empresa.
2) Uma pessoa que compra ações se torna sócia desta empresa e passa a ganhar conforme o crescimento/valorização e lucro da mesma.
3) Estas ações são negociadas na Bolsa de Valores, aqui no Brasil na BM&FBovespa.
4) Os investidores utilizam as corretoras para enviar ordens de compra e venda destas ações.
5) Quando existe uma ordem de venda pelo mesmo valor da compra a transação é fechada (quando alguém paga o preço que se está pedindo na ação).
FIQUE DE OLHO
“Segundo dados do Banco Central, a expectativa é de que a Selic (taxa básica de juros da economia, utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação) feche em 6,5% este ano e o câmbio em R$ 3,70. Isso significa que teremos certa estabilidade em termos de juros este ano, fazendo com que empresas comecem a fomentar o investimento em máquinas e estruturas, evidenciado pelo aumento da carteira de crédito PJ desde o final do ano passado”.
“A perspectiva é de que nossa economia volte a crescer, já temos lapsos de um aquecimento, porém, muito se depende da reforma da previdência [a discussão paira acerca do modelo de reforma apresentado]. Se você não tem previdência privada, comece a pensar e pesquisar sobre o assunto, pois, mesmo com a reforma, é sempre bom ter alternativas de renda”.
Fonte: Fábio Shoiti Kanno
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